Reduzindo emissões de carbono no transporte de equipamentos e na mudança dos combustíveis, a Fórmula 1 caminha para um futuro mais sustentável, medidas de reciclagem, também, passam a ser aplicadas pela organização
Foto: Divulgação/Fórmula 1
Com a publicação do NET Zero 30 em 2019, a Fórmula 1 expôs seus planos para o futuro da maior categoria do automobilismo e sanou dúvidas que surgiam desde o começo da era híbrida, especialmente "A Fórmula 1 vai se tornar elétrica?" e a resposta para este questionamento foi um grande não. “A Fórmula 1 nunca será elétrica”, afirmou Stefano Domenicali, presidente e CEO da categoria. “Isto não quer dizer que não estamos fazendo a nossa parte dentro das demandas ambientais. A Fórmula 1 está fortemente envolvida no desenvolvimento de combustível limpo e sintético, que estará pronto e será utilizado a partir de 2026. É um carburante que também poderá ser usado em navios e aviões. Com ele poderemos fazer a transição e alcançar emissões Zero, sem precisar mudar de motor e jogar fora o enorme parque de veículos existente hoje” completou Stefano para o jornal italiano Il sole 24 ore.
Com uma estimativa de 2 bilhões de motores a combustão no mundo por volta de 2030, Ross Brawn, Diretor de automobilismo da categoria, afirma que a substituição do combustível fóssil por alternativas renováveis é mais viável, já que o descarte desses motores também é algo a ser considerado. “Todas as companhias de petróleo que trabalham na F1 estão comprometidas com isso. Será uma conquista fantástica e uma mensagem fantástica para o mundo de que existem outras soluções", completou Brawn.
O combustível usado atualmente na Fórmula um é composto por 10% de combustível renovável e as expectativas para a mudança de regulamento prevista para 2026 é que todo o combustível utilizado seja 100% sustentável. Com isso, a categoria vem estudando a melhor forma de utilizar o CO2 já lançado na atmosfera para gerar energia. “Estamos trabalhando em um combustível E onde o círculo de carbono é completamente neutro, de modo que o carbono utilizado para produzir esse combustível é a mesma quantidade de carbono emitida pelo motor de combustão interna. Isso significa que os motores não adicionam dióxido de carbono na atmosfera” explicou Ross Brawn. Essa é uma mudança que vai além das pistas, pois, como o E10 implantado em 2022, após os testes nas pistas com Fórmula 1 o combustível pode ser utilizado nas ruas, assim minimizando o impacto de milhares de carros.
Emissões durante o transporte
Além da produção de carbono gerada dentro das competições, a Fórmula 1 vem buscando reduzir as emissões durante o transporte dos equipamentos, já que a organização do calendário exige que o transporte de um continente para outro seja constante e muito poluente devido às grandes distâncias. Com isso, a categoria se juntou com a DHL e para a parte europeia do calendário o transporte de todos os equipamentos será feito por caminhões abastecidos apenas com biocombustível. A expectativa era que os caminhões fossem usados em mais de 10 mil quilômetros nos transportes e reduzissem os impactos ambientais em 60%, porem, após o final dessas corridas na temporada de 2023 o resultado excedeu as expectativas. A redução foi de 83% nas emissões e, mesmo não sendo a solução perfeita, mostra que há um caminho a ser seguido para a redução de impactos. “É ótimo ver como nossas operações logísticas podem se transformar para atingir nossa meta Net Zero até 2030”, disse Ellen Jones, Chefe de ESG da F1.
Além do remanejamento do transporte para a parte europeia da temporada, para 2024 o calendário foi organizado de modo que a maioria das corridas seja organizada levando em consideração a posição geográfica, para que os gastos de combustíveis e a liberação de dióxido de carbono sejam reduzidos. Dessa forma, o Grande Prêmio do Japão e o Grande Prêmio da China acontecem no início da temporada, pela proximidade com a Austrália, e no meio do ano temos uma sequência de sete corridas na Europa para que o transporte seja feito através dos caminhões.
Reciclagem na categoria
Além de zerar as emissões de carbono, o Net Zero 30 também prevê a redução na utilização de plásticos e a reciclagem de todo material utilizado. De acordo com a Fórmula 1, práticas para diminuir o uso de plásticos vêm sendo adotadas desde a pré temporada de 2021, com a reutilização e reciclagem de garrafas plásticas, até a reciclagem de pneus, que evoluiu até as categorias de base como a Fórmula 2 e Fórmula 3. A F1 esperava reduzir o uso de garrafas plásticas descartáveis em 1 milhão em 2021 e erradicar a presença de plásticos descartáveis nos Grandes Prêmios até 2025.
Commentaires